Ato de filiação de Guilherme Boulos ao PSOL na Fundação Lauro Campos, em São Paulo – Suamy Beydoun/AGIF
Publicado originalmente em: https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2018/03/ivan-valente-e-juliano-medeiros-novidade-a-vista.shtml

 

Candidatura de Boulos à Presidência pode plantar a semente para a reorganização de um novo ciclo de vitórias para o povo

 

A polarização política é a marca dos últimos anos. De um lado, o ilegítimo governo Temer, fruto de um golpe parlamentar, busca destruir o pacto social da Constituição de 1988, atacando os direitos trabalhistas, a legislação ambiental e fundiária, a Previdência Social e o patrimônio público.

De outro lado, setores populares resistem nas ruas e no Congresso à retirada de direitos e à alienação da soberania nacional, conseguindo derrotar, pelo menos por enquanto, o ataque à aposentadoria dos trabalhadores.

No imponderável cenário eleitoral de 2018, a direita brasileira procura o seu “Macron” para continuar a controlar a política em favor dos monopólios, do agronegócio e do rentismo, enquanto são acossados pelo extremismo do fascismo tupiniquim de Jair Bolsonaro.

Nomes como Henrique Meirelles, Rodrigo Maia e mesmo Geraldo Alckmin não têm demonstrado até agora força eleitoral suficiente.

No campo das forças de oposição ao governo Temer, há uma miríade de candidaturas. Alguns partidos reivindicam o legado dos governos petistas e a política de “ganha-ganha” desenvolvida por Lula e Dilma em aliança com os velhos partidos da ordem.

Nesse bloco, há ainda candidaturas com recall eleitoral, mas baixa consistência programática e engajamento partidário. Por outro lado, existe também uma esquerda que compreende que o ciclo de conciliação de classes chegou ao final, sendo necessário desencadear uma luta sem tréguas em defesa dos direitos e da democracia, reconhecendo avanços mas apontando os limites da experiência liderada pelo PT. Nesse campo, o PSOL é o principal ator.

Evidentemente, há fatores que devem incidir sobre o quadro eleitoral no campo das esquerdas. O principal deles é a possibilidade de prisão do ex-presidente Lula, depois de uma condenação sem provas.

Ainda que permaneça a desgastada polarização entre PT e PSDB, há espaço para alternativas à esquerda.
O entendimento em construção entre PSOL, MTST e vários movimentos sociais para lançar Guilherme Boulos como candidato à Presidência da República é a grande novidade neste cenário.

Boulos consolidou-se como a principal liderança dos movimentos sociais urbanos, demonstrando inegável protagonismo na defesa da democracia e dos direitos sociais.

Possui plenas condições de liderar um programa que combata a especulação financeira e o lucro dos bancos, que garanta os direitos dos trabalhadores, que aposte na distribuição de renda e da riqueza, colocando o dedo na ferida da necessidade da reforma agrária e urbana e da democratização dos meios de comunicação de massa.

Outro aspecto fundamental será a defesa da democracia, sem nenhuma transigência com a violação de direitos humanos.

A candidatura de Boulos terá a marca da luta e da mobilização popular, inspirada nas novas experiências da esquerda de unidade e organização de baixo para cima, a exemplo do que ocorre em países como Espanha, Portugal, França e Chile.

Nosso partido já deu reiteradas mostras de combatividade, coerência, independência e compromisso com a democracia, com os direitos sociais e a ética na política.

Por tudo isso, a candidatura Boulos tem tudo para representar a grande novidade nessas eleições. Pode plantar a semente para a reorganização da esquerda e o início de um novo ciclo de vitórias para o povo brasileiro.

 

IVAN VALENTE, deputado federal por São Paulo, é líder da bancada do PSOL na Câmara JULIANO MEDEIROS, historiador, é presidente Nacional do PSOL