A legenda descarta ainda um eventual acordo com o PSB em São Paulo, em torno da candidatura do ex-governador Márcio França, e reitera que manterá a candidatura de Guilherme Boulos ao governo do Estado
Por Cristiane Agostine, Valor — São Paulo
O Psol classificou como “descabida” uma eventual aliança do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) para disputar a eleição presidencial de 2022. O partido minimizou a possibilidade de formação da chapa liderada pelo petista tendo o tucano como vice e vê com desconfiança o ex-governador tucano. A legenda descarta ainda um eventual acordo
com o PSB em São Paulo, em torno da candidatura do ex-governador Márcio França, e reitera que manterá a candidatura de Guilherme Boulos ao governo do Estado.
Na terça-feira (30), o presidente nacional do PSol, Juliano Medeiros, reuniu-se com o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, para tratar das eleições de 2022 e alianças da esquerda no país. A filiação de Alckmin ao PSB, para ser indicado como vice na chapa presidencial petista, esteve entre os assuntos da conversa entre os dois dirigentes.
Medeiros criticou a composição.“Considero descabido ter um sujeito como Alckmin compondo uma frente das esquerdas”, disse o presidente do Psol.
Segundo aliados do ex-presidente Lula, a aliança do petista com Alckmin “não empolga” a militância de esquerda. Entre as ressalvas, estão divergências ideológicas com o tucano e a desconfiança em relação a Alckmin como vice, que poderia gerar embates políticos com o ex-presidente. O tucano está de saída do PSDB e deve ir para o PSB ou PSD. O ex-governador é cotado para concorrer tanto à Presidência,
como vice de Lula, como para o governo de São Paulo.
Nas tratativas com o PT para 2022, o PSB tem exigido que os petistas apoiem o partido em cinco Estados, entre eles São Paulo. Em troca do apoio a Lula, com a possível indicação do vice, o PSB tenta convencer o PT a desistir da candidatura do ex-prefeito Fernando Haddad ao governo paulista para apoiar a de Márcio França. Nesse cenário, Haddad poderia ser candidato ao Senado. O PT, no entanto, tenta
fazer com que França desista e apoie Haddad.
Em nenhum desses dois cenários o Psol disse que irá compor com França ou Haddad.“A candidatura de Guilherme Boulos é competitiva e é para valer”, disse o presidente do Psol.“A unidade dos partidos progressistas é necessária para derrotar os tucanos e considero que Boulos tem todas as condições de liderar essa frente. Mas não há negociações envolvendo troca de apoio com quem quer que seja. Não é
assim que construímos nossas alianças”, afirmou Medeiros.
A candidatura de Boulos em São Paulo é vista pelo comando do Psol como parte de uma estratégia para dar visibilidade ao partido, ajudando a aumentar a bancada federal e fortalecendo a legenda para 2024, já que o partido não terá candidato próprio à Presidência e deverá apoiar Lula. Se não vencer a disputa estadual do próximo ano, Boulos é cotado para disputar a próxima eleição municipal em São
Paulo, depois de ter ficado em segundo lugar na campanha de 2020.