Presidente do PSOL julgou que alterações na proposta do governo podem dificultar posição do partido

Em entrevista ao Fórum Onze e Meia desta quarta-feira (12), o presidente nacional do PSOLJuliano Medeiros, fez uma avaliação dos primeiros cem dias de governo Lula, além de emitir considerações sobre a posição do partido na questão do arcabouço fiscal.

O presidente do PSOL afirmou que a grande vitória do governo ao longo dos 100 dias foi o avanço após os atos golpistas de 8 de janeiro.

“A maior vitória que tivemos foi a derrota do golpe de 8 de janeiro. Há um tratamento meio ordinário como se fossem águas passadas. O governo Lula conseguiu unir os 27 governadores, o Supremo Tribunal Federal, a imprensa a opinião pública, todo mundo, para isolar o bolsonarismo, demitiu o comandante das FFAA. Foi uma operação de guerra para recuperar a democracia”, disse Juliano, que foi suplente na chapa de Márcio França para o Senado no ano passado.

Apesar das vitórias, o executivo partidário enxerga com preocupação a nova política fiscal do governo anunciada pelo ministro Fernando Haddad na semana passada.

“Me preocupa muito as regras fiscais que podem servir para contrair o investimento público”, disse. “Eu esperava uma proposta mais ousada. Porque se você faz uma proposta muito quadradinha, tentando agradar a todos, e sabendo que vai ter muita luta política no Congresso Nacional, pode ser que você perca até o que tem de bom na proposta”, completou.

Ele também enxerga com pessimismo a proposta do governo Lula de acabar com as desonerações feitas nos últimos anos contra facções poderosas da economia.

“No Congresso Nacional, esses setores econômicos beneficiados vão pressionar o Lira e o Pacheco para manter as desonerações”, explica. “Se você não tem o fim da desoneração, você não tem o crescimento da arrecadação, acabou a proposta do arcabouço fiscal”, conclui.

Por fim, Medeiros avaliou que, caso a proposta seja remendada pela direita no Congresso, é possível que o PSOL não vote a favor. “Pode ser que a proposta do arcabouço fiscal seja tão ruim e complicada que o PSOL não possa apoiá-la. Isso é um debate que vai ser feito no partido e na nossa bancada”, conclui.

Veja a entrevista completa de Juliano Medeiros ao Fórum Onze e Meia: