Apesar de ter oficializado apoio a Lula (PT), a federação incluiu cláusula nominal para divergência de apoio eleitoral. No entanto, o PSol garante que os candidatos estaduais estão alinhados com o direcionamento da federação
A federação entre PSol e Rede teve a sua primeira Assembleia Geral Nacional dos partidos, nesta quinta-feira (9/6), na Câmara dos Deputados, e a definição da participação formal na coligação para apoiar a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Palácio do Planalto. Na sequência, foi aprovada uma resolução que veta coligações regionais com partidos de extrema-direita e considerados, por eles, neoliberais. No entanto, o documento inclui uma cláusula nominal a candidatas que divergem da orientação eleitoral da federação.
O dispositivo foi criado para garantir que nomes como o da ex-senadora Heloísa Helena (AL), da ex-ministra Marina Silva (AC) e do deputado estadual Melchior Naelson Batista, conhecido como Chió (PB), não sejam caracterizados como infidelidade partidária.
“A cláusula não é um liberou geral, não permite que os candidatos da Rede ou do PSol façam o que queiram nos estados. Ela é nominal, não abre brecha se depender da gente, até porque temos 70% da federação. Se em partidos políticos você tem, às vezes, dificuldades de garantir uma orientação eleitoral comum, imagina em uma federação?”, ponderou o presidente nacional do PSol, Juliano Medeiros.”Então existe isso, mas o apoio ao Lula tá consolidado, vai estar na coligação, é amplamente majoritário, mesmo na Rede, que o pessoal já aprovou por maioria. Não é um tema mais polêmico, como divergência que vai disputar o nosso trabalho”, explicou.
Mesmo com as divergências, o discurso do presidente da federação, Guilherme Boulos (SP), reforçou a prioridade dos dois partidos em derrotar Bolsonaro nas eleições e combater a extema-direita. “O Brasil vive um momento de grave crise social, econômica e ambiental. Uma crise que é produto da agenda de ataques aos direitos e às políticas públicas implementadas nos últimos anos”, declarou.
Proibições
O estatuto da federação proíbe que sejam formadas alianças estaduais com partidos da base de apoio a Bolsonaro, ou seja, principalmente o PL, PP, PR, PTB e PSD estão vetados. Além desses, também entram no rol partidos classificados como da “direita neoliberal”: MDB, PSBD, União Brasil, Podemos, Avante e Novo.
“Alianças que extrapolem esses limites serão desfeitas pela Executiva Nacional da Federação. Declarações de dirigentes ou filiados, especialmente na imprensa, não expressam a posição da Federação PSol/Rede e devem ser desautorizadas pelas direções locais dos partidos federados”, indica a resolução.
Medeiros explica que ao unir os dois partidos a expectativa é que lancem a candidatura de pelo menos 20 deputados federais, que serão estratégicas para os arranjos estaduais. O acordo é de que das 27 unidades federativas, 25 a definição será do PSol e em dois, Amapá e Espírito Santo, a indicação será da Rede.
“Quem vai definir a tática eleitoral é o PSol em 25 estados e em dois deles vai ser a Rede, então para nós está muito confortável, porque nesse desenho não é preciso administrar grandes contradições. Desse ponto de vista eu acho que vai ser tranquilo e positivo”, assegurou.